Hoje vi uma nota no Jornal que dizia que entre os principais projetos da nossa Presidente, está cuidar melhor da educação: reformular os currículos e acabar com a promoção automática.
Queria neste espaço colocar a minha humilde opinião sobre o segundo tema, a aprovação(promoção)(progressão) automática.
O que vem a ser a aprovação automática, no entendimento que temos: è a possibilidade de acabar com as injustiças do processo avaliativo desenvolvido nas nossas escolas, que ao invés de se preocupar com a aprendizagem, preocupa-se em aprovar o reprovar o aluno, sendo assim, a mesma surgiu em um momento que as discussões sobre avaliação da aprendizagem e principalmente os nossos números apontavam para uma prática excludente e meramente clssificatória, colocando a maioria dos alunos brasileiros para fora da escola, gerando uma evasão e uma repetência que levava a uma defasagem série/idade que emperrava o andamento do aluno na vida escolar e gerava gastos exorbitantes para os cofres públicos.
No entanto, penso ser mais complexa a discussão sobre aprovar o aluno, somente pelo simples fato do mesmo estar frequentando ou às vezes ter simplesmente se matriculado na escola.
Acredito que esta perspectiva acaba sendo o que o professor Luckesi certa vez colocou em uma das suas muitas falas que já tive o prazer de ouvir: "acaba sendo arbitrário aprovar por aprovar, dá mesma formar que reprovar por reprovar", pois acabamos negando ao aluno o direito a informação sobre aquilo que sabe, e o que é pior ele acha que sabe, porque foi promovido e certificado como tal.
Equivocadamente saimos de um extremo para o outro, reprovávamos somente nos baseando em instrumentos pontuais e passamos a aprovar sem ao menos termos acesso a nenhum tipo de dado para fazê-lo. A avaliação denunciada por tantos estudiosos na década de oitenta e que o professor Luckesi(2003) classifica de exame, possibilitou novas discussões e busca por novos modelos e conceitos, neste sentido, entendo que avançamos no ideário, muitos já discutem o papel da avaliação como processo, e que a mesma tem a função de fornecer informações para que possamos emitir uma opinião e consequentemente tomarmos a decisão de ressignificar o processo, caso seja necessário.
No entanto, quanto às práticas caimos em um vazio, às vezes escutamos alguns professores "dizerem que não avaliam, pois não precisa já que o aluno não pode mais ser retido'. O que nos leva a constatar que o problema não está na aprovação automática, mas na forma, como a escola de forma geral vem praticando a avaliação , pois a promoção(progressão) automática, não descarta o uso da avaliação, nem a busca de informações sobre a aprendizagem do aluno, creio que de forma contrária, muda o foco da aprovação para a aprendizagem.
O que facilitaria o trabalho do professor que não precisaria mais parar para aprovar ou reprovar, reter ou promover, mas se o aluno aprendeu ou não, e o que falta para o mesmo aprender que pode ser adquirido no ano ou na série seguinte.
Não sei se a avaliação como processo, contidiana que busca informações para qualificar o objeto, tem espaço nas nossas escolas, porque digo isso, porque precisamos promover, certificar, e passamos muito pouco tempo com os nossos alunos, pois temos muitos, e em turnos e séries variadas, não temos tempo, nem qualidade no trabalho que nos permita olhar no olho, compartilhar, compactuar, observar, acompanhar o nosso aluno de forma mais atenta para afirmarmos que os mesmos aprenderem e adquiriram os conhecimentos ou as habilidades necessárias para ir progredindo, ou que o mesmo está em tal nível e que ações diversificadas em tempos diversificados irão possibilitar ao aluno continuar aprendendo.
Sendo assim, acredito que é mais fácil criar mecanismos que nos possibilitem continuar retendo os que acreditamos que não sabem e promovendo os que acreditamos que sabem, mas tenho a ousadia de dizer, que a nossa Presidente precisa de pessoas que compreendam que o problema da nossa educação, não está na avaliação realizada, mas na forma como vem sendo constituida pelo nosso sistema, não mudaremos a avaliação, mesmo acabando com a aprovação automática ou mantendo o sistema de classificação e reprovação, mas mudando a própria organização da escola: começando por entender que educação não é gasto é investimento, e que os professores, os profissionais da educação precisam ser tratados de forma diferente pela sociedade - a valorização e a possibilidade da melhoria na qualidade da sua formação e do seu trabalho, irão se constituir como o elo necessário para que não tenhamos tempo de falar nem em avaliação, nem em reprovação, nem em promoção automática, mas sim falarmos em aprendizagem.
Mas não sou a favor da aprovação automática, sou a favor da possibilidade da avaliação como um elemento do prática pedagógica que auxilia ao professor a cuidar do processo constitutivo do seu trabalho: cuidar para que o aluno aprenda.
2 comentários:
Não há dúvida, a avaliação precisa ser enfim vista como um processo capaz de possibilitar a aprendizagem do aluno, e não apenas como um instrumento de medida com um mero caráter classificatório; porém, mudar essa realidade depende também de fatores externos a nós professores; é preciso repensar a qualidade da educação no Brasil e a partir desse ponto chave "instalar" um modelo de avaliação que auxilie no desenvolvimento educacional do nosso país.
A aprovação automática,só funcionaria se a educação fosse igualitária,mas como não é, o que tem feito é aprovar os alunos sem ao menos se alfabetizarem,na escola púbica onde eu estagiava na turma de Educação Infantil,foi supreendiada por um ano do 1ºAno do ensino fundamental I,na sala da diretoria ele mim mostrou o caderno sem nenhma folha escrita e eu o questionei porque ele não fazia nenhuma atividade ele me disse,pq a professora escreve aquelas letras que eu não sei fazer,e eu respondi,mas como você não sabe se você já saiu da alfatização e ele mim disse eu passei de ano,só não sei fazer a letra do A.
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